Atlas da Violência 2016 (Ipea/FBSP)
- Instituição/Órgão
- Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
- Âmbito
- estadual / municipal / nacional
- Ano
- 2016
Chamando atenção para a violência letal no país como questão a ser enfrentada de forma prioritária pelas políticas públicas, a Nota Técnica “Atlas da Violência 2016” aponta que apenas em 2014, segundo os registros do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, 59.627 pessoas foram assassinadas no Brasil.
Para situarmos o problema, estas mortes representam mais de 10% dos homicídios registrados no mundo e colocam o Brasil como o país com o maior número absoluto de homicídios. Numa comparação com uma lista de 154 países com dados disponíveis para 2012, o Brasil, com estes números de 2014, estaria entre os 12 com maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes.
Nota Técnica “Atlas da Violência 2016” (Ipea/FBSP)
Sobre o Atlas
As análises foram baseadas principalmente em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, e em alguns tópicos foram realizados cruzamentos desses dados com os registros policiais publicadas no 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP.
Acesse a divulgação: Ipea e FBSP divulgam o Atlas da Violência 2016 (Ipea, 21/03/2016)
Treze mulheres são assassinadas por dia no Brasil
O estudo revela que 4.757 mulheres foram mortas por agressão em 2014 no Brasil, o que representa um aumento de 11,6% em relação ao número registrado em 2004, quando 3.830 foram assassinadas.
No período de 2004 a 2014, 18 estados apresentaram taxa de mortalidade por homicídio de mulheres acima da média nacional (4,6), sendo eles: Amapá (4,8), Bahia (4,8), Pernambuco (4,9), Paraná (5,1), Rio de Janeiro (5,3), Acre (5,4), Paraíba (5,7), Rio Grande do Norte (6,0), Pará (6,1), Ceará (6,3), Mato Grosso do Sul (6,4), Rondônia (6,4), Sergipe (6,5), Mato Grosso (7,0), Espírito Santo (7,1), Alagoas (7,3), Goiás (8,8) e Roraima (9,5).
Nota Técnica “Atlas da Violência 2016” (Ipea/FBSP)
A seguir, a distribuição dos assassinatos de mulheres por estado (clique nas imagens para ver as tabelas ampliadas):
Mulheres entre 15 a 29 anos são as principais vítimas de homicídio
Segundo o levantamento, 46,4% das mortes de homens com idades entre 15 a 29 anos são ocasionados por homicídios. Se forem considerados apenas os rapazes de 15 a 19 anos, o número chega a 53%, conforme destacado na tabela.
Diante de números como esses, “ou mesmo pela resistência em reconhecer este tema como um problema de política pública”, a Nota Técnica avalia que “o debate em torno da violência contra a mulher por vezes fica invisibilizado”.
Em relação ao assassinato de mulheres, os dados do SIM mostram que as faixas etárias de maior risco ficam entre os 15 e 29 anos, que concentram os índices mais elevados de homicídios femininos.
Clique na imagem para ver a tabela ampliada
Jovens negros têm muito mais chances de serem assassinados
Os dados revelam que os negros apresentam probabilidade significativamente maior de serem assassinados no Brasil, em comparação a outros indivíduos, o que se acentua ainda mais no caso dos jovens entre 15 e 29 anos.
O Atlas destaca que, “aos 21 anos de idade, quando há o pico das chances de uma pessoa sofrer homicídio no Brasil, pretos e pardos possuem 147% a mais de chances de ser vitimados por homicídios, em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas”.