A Voz das redes: o que elas podem fazer pelo enfrentamento das violências contra as mulheres (Instituto Avon/Folks Netnográfica, 2018)
- Instituição/Órgão
- Folks Netnográfica / Instituto Avon
- Âmbito
- nacional
- Ano
- 2018
Sobre a violência de gênero no ambiente digital
Em 2017, o assédio foi o 26º assunto mais comentado na internet. “Somente nos últimos 3 anos, as menções cresceram 324%, com destaque para um novo tipo de assédio, o virtual, que cresceu mais de 26 mil%”, informa o relatório.
O Facebook foi a plataforma em que os temas assédio e violência contra mulher foram mais comentados (41%). Em seguida vêm Twitter (16%), YouTube (13%), Instagram (9%) e Whatsapp (7%).
Mulheres em situação de violência são minoria no debate: apenas 3% das menções aos dois assuntos partiram de vítimas.
86% das mulheres recorreram ao anonimato (como perfis falsos) para denunciar a violência sofrida.
Quem são os haters? 96% são homens e 79% são brancos. Ao se analisar o perfil socioeconômico, 19% são da classe A, 34% da classe B e 31% da classe C. Em 61% das vezes em que os homens se inseriram no debate, foi de forma agressiva e/ou desqualificadora.
Sobre a pesquisa
Em março de 2018, o Instituto Avon lançou, em parceria com a Folks Netnográfica, a pesquisa “A Voz das redes: o que elas podem fazer pelo enfrentamento das violências contra as mulheres”, que reúne dados coletados em redes sociais sobre as discussões de assédio e violência no ambiente digital.
Para o levantamento foram coletadas, por meio das redes sociais Facebook, Twitter e Instagram, 14.043.912 menções relacionadas aos assuntos assédio e violência contra a mulher e termos variados. O período analisado foi de 35 meses (janeiro/2015 a dezembro/2017).
Os termos centrais utilizados na coleta primária foram: violência contra mulher, mulher, assédio, assédio moral, assédio sexual, assédio, transgênero e transexual. Também foram coletados dados nas fontes de RSS, Reclame Aqui, Blogs e Websites e estruturados como fonte métrica, porém sem utilização dos dados em análises semânticas. Saiba mais.
Cresce número de menções ao tema
A pesquisa captou um volume imenso de menções, mas nem todas de fato contextualizadas em relação à violência de gênero: “de 14 milhões de menções, analisadas entre 2015 e 2017, apenas 3 milhões de fato se aprofundaram na discussão sobre assédio e violência. Ou seja, 11 milhões de menções são apenas ruído que se dispersaram para outras discussões”, aponta o Instituto Avon.
Além do volume, as discussões sobre o tema vem crescendo: em 2017, o assédio foi o 26º assunto mais comentado na internet, segundo a pesquisa. “Somente nos últimos 3 anos, as menções cresceram 324%, com destaque para um novo tipo de assédio, o virtual, que cresceu mais de 26 mil%”, informa.
Mulheres em situação de violência são minoria no debate
Do universo de interações e menções sobre o assédio e a violência, apenas 3% corresponderam às vítimas. “Em geral, a maioria delas usa o meio online para buscar o esclarecimento de dúvidas sobre seus casos, dicas que ajudem no processo de rompimento com o agressor e, felizmente, muitas se tornam ‘voluntárias digitais’ para dar suporte às outras mulheres”, aponta o Instituto Avon.
O anonimato é importante para as vítimas
Segundo a pesquisa, 86% das mulheres ao denunciar a violência que sofreram recorreram ao anonimato (como perfis falsos).
Quem são os haters? Homens brancos e da classe média alta.
De acordo com o levantamento, entre os haters, 96% são homens e 79% são brancos; sendo apontados 19% como classe A, 34% classe B e 31% classe C.
O Instituto Avon define haters como os “responsáveis pela maior parte das menções que desqualificam o relato das vítimas, principalmente as de assédio e agem de forma agressiva, julgando, desmerecendo e, por vezes, até ameaçando as mulheres que buscam transmitir mensagens importantes para fortalecer essa luta”.
Em 61% das vezes em que os homens se inseriram no debate, foi de forma agressiva e/ou desqualificadora.