Visível e Invisível: A vitimização de mulheres no Brasil (Datafolha/Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2017)
- Instituição/Órgão
- Datafolha / Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
- Âmbito
- nacional
- Ano
- 2017
Sobre as violências sofridas por mulheres:
– Três em cada dez mulheres (29%) declaram terem sido vítimas de violência ou agressão no último ano. O tipo de violência mais comum foi a ofensa verbal, com 22% de menções; em seguida: ameaças de agressão física (10%), perseguição (9%), agressão física (9%) e ofensa sexual (8%).
– O agressor era conhecido em 61% dos casos; em 43% a agressão ocorreu em casa.
– Mais da metade das mulheres não procurou ajuda após a agressão.
Sobre a violência física
– A cada hora 503 mulheres foram agredidas fisicamente em 2016.
– Realizando uma projeção do percentual na população brasileira, a pesquisa estima que 4,4 milhões de brasileiras (9% do total de maiores de 16 anos) foram vítimas de violência física.
Sobre o assédio
– 40% das mulheres relatam haver sofrido assédio em 2016.
– A pesquisa projeta que 20,4 milhões (36%) foram alvo de comentários desrespeitosos ao andar na rua, 5,2 milhões (10,4%) foram assediadas no transporte público e 2,2 milhões (5%) foram agarradas ou beijadas sem seu consentimento.
– Recortando-se os dados por idade e raça, a pesquisa comprova que as adolescentes e jovens de 16 a 24 anos e as mulheres negras são as principais vítimas de assédio.
Sobre a pesquisa
A pesquisa foi encomendada ao Datafolha pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e contou com o apoio do Instituto Avon e do governo do Canadá.
As entrevistas foram realizadas de 9 a 11 de fevereiro de 2017 em 130 municípios brasileiros das cinco regiões do país. No total, foram entrevistadas 2.073 pessoas com 16 anos ou mais, entre elas 1.051 mulheres – sendo que destas 833 aceitaram responder um módulo de autopreenchimento, com questões sobre vitimização.
A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, para a amostra nacional, e de 3 pontos para a amostra de mulheres participantes do módulo de autopreenchimento.
O relatório também inclui cinco artigos que analisam os principais destaques da pesquisa:
“Violência, violências: mais agredidas ou mais atentas?”, por Silvia Ramos
“Resultado de pesquisa expõe tolerância social à violência contra as mulheres em espaços públicos”, por Roberta Viegas, Roberta Gregoli e Henrique Marques
“De volta ao mal estar na civilização: violência contra a mulher e o que ela nos diz sobre a realidade brasileira”, por Maria José Tonelli e Rafael Alcadipani
“O que somos, o que sabemos e o que fazemos com isso”, por Manoela Miklos e Ana Carolina Evangelista
“Violência contra a Mulher”, por Mafoane Odara Poli Santos e Daniela Marques Grelin
Saiba mais: Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil (FBSP)
Clique para acessar a Apresentação e o Infográfico da pesquisa
A cada hora 503 mulheres foram agredidas fisicamente em 2016
Realizando-se uma projeção, pode-se dizer que 4,4 milhões de brasileiras (9% do total de maiores de 16 anos) foram vítimas de violência física. Se forem contabilizadas também as agressões verbais, a taxa de mulheres que relatam terem sido vítimas de algum tipo de agressão em 2016 sobe para 29%.
Três em cada dez mulheres (29%) declaram terem sido vítimas de violência ou agressão no último ano. O tipo de violência mais comum foi a ofensa verbal, com 22% de menções; em seguida: ameaças de agressão física (10%), perseguição (9%), agressão física (9%) e ofensa sexual (8%), que abrange as situações em que a vítima é agarrada, tocada ou agredida fisicamente ou verbalmente com motivações sexuais.
Conforme aumenta a idade da entrevistada, diminui a taxa de vitimização: 45% entre as mais jovens em comparação com 17% entre as mais velhas.
O agressor era conhecido em 61% dos casos; em 43% a agressão ocorreu em casa
Sobre o perfil do agressor, a pesquisa aponta que, na maioria dos casos relatados, são pessoas conhecidas da vítima (61%). Entre os agressores conhecidos, 19% são cônjuge/companheiro/namorado e 16% ex-cônjuge/ex-companheiro/ex-namorado. Em seguida vêm familiares, como irmãos(ãs), pais/mães e pessoas próximas, como amigos(as) e vizinhos(as).
Arte: FBSP.
Mais da metade não fez nada após a agressão
41% das vítimas nos casos de lesão provocada por algum objeto e 48% que foram ameaçadas com faca ou arma de fogo declararam haver recorrido a algum órgão oficial do sistema de segurança, como delegacia da mulher, delegacia comum, Polícia Militar (190) e Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180).
Já nos casos de ofensa sexual, 58% declararam não ter feito nada.
Não se observa diferença significativa entre mulheres brancas e negras em relação à procura de ajuda após a violência, com as mulheres negras recorrendo um pouco mais (49% declararam
não ter feito nada) do que as brancas (57% declararam não ter feito nada).
40% das mulheres relatam haver sofrido assédio em 2016
Considerando que, do total de entrevistadas, 40% declaram ter sofrido assédio em 2016. Assim, pode-se projetar que 20,4 milhões (36%) foram alvo de comentários desrespeitosos ao andar na rua, 5,2 milhões (10,4%) foram assediadas no transporte público e 2,2 milhões (5%) foram agarradas ou beijadas sem seu consentimento.
Assédio atinge mais as jovens e as negras
Recortando-se os dados por idade e raça, a pesquisa comprova que as adolescentes e jovens de 16 a 24 anos e as mulheres negras são as principais vítimas de assédio.