Percepções e experiências das mulheres quando se deslocam pelas cidades (Instituto Patrícia Galvão/Instituto Locomotiva, 2023)
- Instituição/Órgão
- Instituto Patrícia Galvão
- Âmbito
- nacional
- Ano
- 2023
A insegurança é uma realidade para a maioria das mulheres brasileiras quando saem de casa: 74% já passaram pessoalmente por situações de violência quando se movimentavam pela cidade e 88% conhecem ao menos uma mulher que foi vítima de violência quando se deslocava.
Metade das mulheres que declararam já terem sofrido um estupro quando se moviam pela cidade estavam a pé quando foram violentadas, sendo que houve maior número de relatos de estupro nessa forma de deslocamento por mulheres negras (56%) do que por não-negras (43%).
Mais mulheres negras (34%) do que não-negras (30%) relatam que já sofreram assalto/furto/sequestro relâmpago quando se moviam pela cidade. E a maioria das mulheres negras (56%) foram vítimas de racismo quando estavam a pé.
Das mulheres que passaram por uma ou mais dessas situações, 69% disseram que não reagiram e 59% não procuraram a polícia.
Fator segurança em primeiro lugar
Diante do alto número de mulheres que já passaram por situações de violência, não causa surpresa que 9 em cada 10 mulheres afirmam que a segurança é sua principal preocupação enquanto se deslocam pela cidade – à frente de outros fatores, como custo, tempo ou conforto e praticidade – e também que 8 em cada 10 considerem que os espaços públicos são mais perigosos para as mulheres do que para os homens.
A maioria (55%) das mulheres saem de casa ao menos 5 vezes por semana e 6 em cada 10 costumam sair à noite. E, embora as ruas da vizinhança sejam consideradas mais seguras do que as da cidade em geral, apenas 27% das mulheres dizem se sentir muito seguras quando andam por perto de casa. Mais mulheres negras (41%) do que não-negras (35%) percebem que as ruas da cidade em geral não são nada seguras.
A cada 10 mulheres, 7 declaram ter medo de saírem sozinhas à noite no bairro onde moram. E mais mulheres negras (45%) do que não-negras (38%) concordam totalmente com a frase “Eu tenho muito medo de sair sozinha no meu bairro à noite”.
Assalto, estupro e assédio: os maiores medos da maioria das mulheres
97% dizem sentir medo e 83% sentem muito medo de que pelo menos uma dessas situações aconteça em seus deslocamentos e a maioria considera que, em comparação há 5 anos, hoje todas as situações listadas acontecem mais.
Mais mulheres negras declaram sentir muito medo de sofrer estupro quando se deslocam: são 75% em comparação com 60% das não-negras. Também em relação ao medo de sofrer importunação/assédio sexual, mais mulheres negras (65%) do que não-negras (53%) declaram que sentem muito medo de passar por essa situação.
Ausência de policiamento e de iluminação são os principais fatores para sensação de insegurança das mulheres
A sensação de insegurança relaciona-se sobretudo a falhas ou ausência de políticas públicas que poderiam apoiar o deslocamento seguro das mulheres.
Mais mulheres negras (10%) do que não-negras (6%) consideram que o principal fator de insegurança são as falhas no transporte público (longo tempo de espera nos pontos, poucas linhas e pontos de ônibus em determinados bairros).
Sobre a pesquisa
A pesquisa Percepções e experiências das mulheres quando se deslocam pelas cidades foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, com o objetivo de mapear hábitos de deslocamento das mulheres e entender suas percepções sobre segurança em seus trajetos pelas cidades, as situações vividas em diferentes meios de transporte e as iniciativas para contribuir para um deslocamento mais seguro. Participaram deste estudo nacional online 1.618 mulheres com 18 anos de idade ou mais, de 27 de setembro a 18 de outubro de 2023. Com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, a pesquisa foi ponderada a partir da distribuição da população brasileira por região, sexo e escolaridade, conforme parâmetros da PNAD/IBGE.