Mulheres negras e violência doméstica: decodificando os números (Geledés, 2017)

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Sobre a violência doméstica contra mulheres negras

– Trazendo dados do Mapa da Violência 2015 sobre homicídios de mulheres em uma década, a publicação destaca a existência de uma “situação endêmica da violência na vida das mulheres negras”: no período 2003-2013, as principais vítimas da violência de gênero no país foram meninas e mulheres negras, “com queda na evolução das taxas de homicídio de mulheres brancas – de 3,6 para 3,2 por 100 mil – e crescimento nas taxas de mulheres negras – de 4,5 para 5,4 por 100 mil –, com prevalência entre 18 e 30 anos de idade e maior incidência de mortes causadas por força física, objeto cortante/penetrante ou contundente, e menor participação de arma de fogo”.

– Segundo informações da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do governo federal, dados do primeiro semestre de 2016, referentes ao atendimento do serviço Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, indicam que, de um total de 555.634 ligações, quase 68 mil dos atendimentos eram relatos de violência, assim distribuídos: violência física (51,06%); violência psicológica (31,10%); violência moral (6,51%); cárcere privado (4,86%); violência sexual (4,3%); violência patrimonial (1,93%); e tráfico de pessoas (0,24%). Desses 68 mil atendimentos, 59,71% das mulheres que relataram casos violência eram negras e a maioria das denúncias foi feita pela própria vítima (67,9%).

Sobre a publicação

Realizada pelo Geledés Instituto da Mulher Negra, sob coordenação da pesquisadora Suelaine Carneiro, a publicação reúne os resultados do projeto “Mulheres Negras e Violência: decodificando os números”, que realizou e registrou “entrevistas com mulheres negras e não negras atendidas em equipamentos da Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, e também entrevistas com profissionais que atuam nesses espaços, em serviços públicos existentes na cidade de São Paulo”.

O projeto foi selecionado em 2016 no edital Fundo Fale Sem Medo , realizado pelo Instituto Avon e ELAS Fundo de Investimento Social.

Além das entrevistas realizadas no período de maio a novembro de 2016, a publicação compila dados de outras fontes com o recorte racial, como o Mapa da Violência 2015 e dados do IBGE. Também traz informações sobre os equipamentos da rede de atendimento às mulheres em situação de violência na cidade de São Paulo.

Saiba mais: Mulheres Negras e Violência Doméstica: Reafirmando compromissos nos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, por Suelaine Carneiro

A violência na vida das mulheres negras

Trazendo dados do Mapa da Violência 2015 sobre homicídios de mulheres em uma década, a publicação destaca a existência de uma “situação endêmica da violência na vida das mulheres negras”: de 2003 a 2013, as principais vítimas da violência de gênero foram meninas e mulheres negras, com queda na evolução das taxas de homicídio de mulheres brancas e aumento na taxas de mulheres negras, conforme demonstram os gráficos a seguir:

“Analisando os números sobre a violência contra as mulheres no Brasil, entendemos que as mulheres negras não contam efetivamente com o apoio do Estado. Diante do todo o aparato jurídico que elencamos anteriormente, as mulheres negras dependem de si mesmas para viver uma vida sem violências”, afirma a publicação, lembrando que no Brasil há um contingente de 53.566.935 mulheres negras, dentre uma população residente estimada em 201,5 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE.

Saiba mais sobre a pesquisa