Raça, gênero e imprensa: quem escreve nos principais jornais do Brasil? (GEMAA, 2023)

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As mulheres ocupam 36,6% das vagas de profissionais de imprensa nos três maiores jornais impressos do país, Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo, enquanto os homens detêm 59,6% os cargos.

As mulheres se concentram em faixas etárias mais jovens, ao passo que os homens nas faixas a partir de 50 anos. Ademais, esse desequilíbrio é mais agudo nas faixas localizadas nos extremos da distribuição, os mais jovens e os mais velhos. A hipótese levantada acima não pode ser confirmada, pois as mulheres superam quantitativamente os homens em todas as faixas de idade que cobrem sua vida reprodutiva, que é um período de maior probabilidade de incidência de pressões sociais tradicionais.

Os três veículos revelam uma tendência comum: a maioria das autorias são assinadas por homens brancos e, na sequência, por mulheres brancas. Em menores proporções, estão os homens negros e as mulheres negras, respectivamente. Os indígenas não aparecem nos gráficos, pois apenas uma autoria desse grupo foi identificada em nossa análise, evidenciando não somente a disparidade entre o jornalismo brasileiro e a composição racial da população brasileira.

Estes são indicadores do estudo Raça, gênero e imprensa: quem escreve nos principais jornais do Brasil?, realizado pelo GEMAA – Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação, em maio de 2023. De acordo com a pesquisa, a mídia brasileira continua reproduzindo padrões de forte desigualdade racial. Quando se trata da produção de notícias e circulação da informação, a discussão sobre desigualdades ultrapassa a questão da justa proporcionalidade e alcança o problema da invisibilização de grupos sociais na produção das narrativas e informações que instruem o processo de formação de opinião e os entendimentos socialmente partilhados.

Sobre a pesquisa

Neste estudo, o GEMAA apresenta uma investigação sobre o perfil das pessoas que escrevem nos três maiores jornais impressos do país: Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo. O levantamento dos dados que compõem esta pesquisa se deu a partir de três principais fases: na primeira, extraímos uma amostra aleatória de 21 edições publicadas entre janeiro e julho de 2021, em cada um dos veículos; em seguida, capturamos manualmente as informações de todas as pessoas que assinaram matérias ou colunas publicadas nesta amostra; e, por fim, fizemos sua heteroidentificação racial.

 

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